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FICHA DE INVENTÁRIO
Museu: Museu Nacional de Arqueologia N.º de Inventário: 994.9.2 Supercategoria: Arqueologia Denominação: Cabeça - retrato de Augusto Datação: 41 d.C. - 54 d.C. - Época Romana Dimensões (cm): altura: 51; largura: 27,9; espessura: 30; Descrição: Cabeça-retrato do imperador Octávio Augusto, fundador de Mérida, a capital da Lusitânia, e a figura tutelar da Província. Apresenta uma acurada modelação da superfície, mostrando-nos uma personagem mais jovem com o cabelo curto e desbastado sobre um crânio volumoso, com madeixas que são apartadas e bifurcadas no alto da testa caindo sobre a fronte em forma de garras. As outras partes do penteado são elaboradas sumariamente com intervalos entre as madeixas. O nariz e a boca apresentam-se fragmentadas, as orelhas são bem visíveis, o pescoço largo, e os olhos sem pupila nem íris. Integra a tradição iniciada com o modelo da escultura couraçada de Augusto de Prima Porta, fundamentalmente no que se refere ao modo como é apresentado o tratamento das madeixas de cabelo sobre a fronte com os inconfundíveis caracóis em forma de garra. A base do pescoço é arredondada, este pormenor indica que a cabeça, esculpida separadamente, destinava-se a uma escultura monumental, fosse de corpo inteiro ou inserida em estátua-pedestal, que servia de suporte a cabeças amovíveis de altos personagens, e deste modo facilmente substituídas quando necessário. Esteve durante longo tempo colocada sobre uma estátua togada, a que não pertencia. Provém de Myrtilis onde originalmente se ergueria, por certo no Forum da cidade. A peça apresenta diferenças de proporções ou de módulo entre a face esguia e o cabelo volumoso, bem como o pescoço largo, que levam a supor que o imperador originalmente retratado tivesse sido Calígula, cuja "damnatio memoriae" (condenação ao esquecimemto) teria provocado a oportuna reelaboração da peça segundo os cânones iconográficos característicos do seu antecessor. (Segundo ficha de Catálogo de Escultura Romana do MNA, da autoria de José Luis de Matos).
Incorporação: Doação - Visconde da Amoreira da Torre (Montemor-o-Novo)
Origem / Historial: *Forma de Protecção: classificação;
Nível de Classificação: interesse nacional;
Motivo: Necessidade de acautelamento de especiais medidas sobre o património cultural móvel de particular relevância para a Nação, designadamente os bens ou conjuntos de bens sobre os quais devam recair severas restrições de circulação no território nacional e internacional, nos termos da lei nº 107/2001, de 8 de Setembro e da respectiva legislação de desenvolvimento, devido ao facto da sua exemplaridade única, raridade, valor testemunhal de cultura ou civilização, relevância patrimonial e qualidade artística no contexto de uma época e estado de conservação que torne imprescindível a sua permanência em condições ambientais e de segurança específicas e adequadas;
Legislação aplicável: Lei nº 107/2001, de 8 de Setembro;
Acto Legislativo: Decreto; nº 19/2006; 18/07/2006*
Encontrada em Mértola no século XVI deve fazer parte das oito ou dez estátuas a que se refere André de Resende nos seus escritos ( " Antiquitatum Lusitaniae et de Municipio Eborensi, De Myrtili " ) ou das cinco ou seis mencionadas por Amador Arrais ( "Diálogos" ) e que constitui sinal indicativo da importância que este antigo porto fluivial possuía na época romana, e provavelmente das relações estabelecidas com as oficinas de estatuária de Mérida.
Segundo a ficha de Inventário nº 21520 que corresponde à peça 994.9.4 (Togado) , que a seguir se trancreve, subtende-se que o togado viria acompanhado desta cabeça de Augusto: "Estátua marmórea, alvinitente, de roman togado, mutilada (falta-lhe as pernas, o braço direito e a mão esquerda e tem a cara esmurrada); se as roupagens estão bem conservadas, as arestas nítidas, de uma elegância, e de execução nada vulgares. Foi encontrada em Mértola, no séc. XVI; mas esteve na Quinta da Amoreira da Torre, ao pé de Momtemor-o-Novo - servindo de ornato dentro de um nicho - de onde veio para o Museu nos principios deste século XX, oferecida pelo seu proprietário, o Sr. Visconde da Amoreira da Torre. 2,05 plus minus, 1,64 p.m. (sem cabeça)"
Bibliografia | ALARCÃO, Jorge de - Portugal Romano. Lisboa: Editorial Verbo, 1974, pág. 199 | ALARCÃO, Jorge de - Roman Portugal, vol. II. Inglaterra: Aris & Phillips LTD, 1988, pág. 196 | ETIENNE, Robert; (et alii) - "Epigraphie et Sculpture", Fouilles de Conimbriga, vol. 2. Paris: 1976, pág. 237 | GARCIA Y BELLIDO, António - "Retratos Romanos Imperiais", Arquivo de Beja, 23-24. Beja: 1966-1967, pág. 280 | GONÇALVES, Luís Jorge Rodrigues - Escultura romana em Portugal: uma arte do quotidiano., 2 Vols., Tese de Doutoramento. Mérida: Junta da Extremadura, 2007, pág. 71 a 74 e 11 | INVENTÁRIO do Museu Nacional de Arqueologia, Colecção de Escultura Romana. Lisboa: I.P.M., 1995, pág. 26 - 27 | LACERDA, Aarão de - "História da Arte em Portugal", 1. Porto: Portucalense Editora, 1942, pág. 87 | MATOS, José Luís de - "Subsídios para um Catálogo da Escultura Luso-Romana", dissertação de licenc. apresentada à F.L.L.. Lisboa: 1966, pág. 19 | RIBEIRO, José Cardim (Coord) - Religiões da Lusitânia, Loquuntur saxa. Lisboa: IPM, 2002, pág. 409 | SOUZA, Vasco de - "Corpus Signorum Imperii Romani - Corpus der Skulpturen der Römischen Welt - Portugal". Coimbra: 1990, pág. 13 | SOUZA, Vasco de - "Escultura Romana", in História da Arte Portuguesa, volume 1. Lisboa: Alfa, 1986, pág. 1986 | Catálogo da Exposição "Augusto y Emerita", 2014. Museo Nacional de Arte Romano. Mérida, pág. 68 | |
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