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FICHA DE INVENTÁRIO
Museu: Museu Nacional de Arqueologia N.º de Inventário: 988.3.168 Supercategoria: Arqueologia Denominação: Cabeça de Endovélico Datação: I d.C. - Época Romana Dimensões (cm): altura: 30,5; largura: 22,5; espessura: 18,5; Descrição: Cabeça de homem barbado onde sobressaem os olhos abertos de forma amendoada, a boca fechada de lábios finos, o cabelo em madeixas cobrindo parte da testa e tapando parcialmente as orelhas. O nariz e a porção inferior da barba estão mutilados. A concepção iconográfica de escultura, realizada segundo modelos clássicos, patente nomeadamente na majestade da cabeça e na sua expressão de bondade levaram a maioria dos autores a interpretá-la como representação de Endovélico, divindade indígena cultuada em S. Miguel da Mota. O seu culto está atestado por numerosas inscrições votivas encontradas naquele outeiro perto de Terena. Trata-se de uma divindade tópica, isto é, protetora da região onde a adoravam - "numen loci" - e cujo culto estava circunscrito a ela.
Incorporação: Outro - Mandato legal.
Escavações de J.L.Vasconcelos Proveniência: S. Miguel da Mota.
Origem / Historial: *Forma de Protecção: classificação;
Nível de Classificação: interesse nacional;
Motivo: Necessidade de acautelamento de especiais medidas sobre o património cultural móvel de particular relevância para a Nação, designadamente os bens ou conjuntos de bens sobre os quais devam recair severas restrições de circulação no território nacional e internacional, nos termos da lei nº 107/2001, de 8 de Setembro e da respectiva legislação de desenvolvimento, devido ao facto da sua exemplaridade única, raridade, valor testemunhal de cultura ou civilização, relevância patrimonial e qualidade artística no contexto de uma época e estado de conservação que torne imprescindível a sua permanência em condições ambientais e de segurança específicas e adequadas;
Legislação aplicável: Lei nº 107/2001, de 8 de Setembro;
Acto Legislativo: Decreto; nº 19/2006; 18/07/2006*
O Santuário do Deus Endovélico situa-se no Monte de S. Miguel da Mota, Alandroal. Nesse local havia as ruínas de um templo cristão, cujos alicerces e paredes eram em parte constituídos por pedras pertencentes ao culto de Endovélico, tais como aras, estatuetas, bases de estátuas e de aras. Em 1890 José Leite de Vasconcelos deslocou-se a S. Miguel da Mota e obteve do dono da herdade, Sr. Manuel Inácio Belo a necessária autorização para iniciar os trabalhos arqueológicos. Nessa altura recolheu algumas peças, que trouxe para a Biblioteca Nacional de Lisboa, onde, à data, era Conservador. Mais tarde trouxe cerca de 200 lápides, para além de elementos arquitetónicos, diversos fragmentos de estatuária, entre outro material, que se depositou na Biblioteca Nacional sendo daí transferido para o Museu.
Bibliografia | ALARCÃO, Jorge de - Portugal Romano. Lisboa: Editorial Verbo, 1974, pág. 200 | ALARCÃO, Jorge de - Roman Portugal, vol. II. Inglaterra: Aris & Phillips LTD, 1988, pág. 197 | CORREIA, Vergílio - História de Portugal. Barcelos: 1928, pág. 253 | DIAS, M. M. Alves; COELHO, Luís - "Endovélico: caracterização social da romanidade dos cultantes e do seu santuário (São Miguel da Mota, Terena, Alandroal)", in O Arqueólogo Português, série IV, vol. 13/15. Lisboa: Museu Nacional de Arqueologia, 1995-1997, pág. 233 - 265 | GARCIA Y BELLIDO, António - " Escultura Romanas de España y Portugal". Madrid: 1949, pág. 126 | GONÇALVES, Luís Jorge Rodrigues - Escultura romana em Portugal: uma arte do quotidiano., 2 Vols., Tese de Doutoramento. Mérida: Junta da Extremadura, 2007, pág. 307 a 308 e 95 | INVENTÁRIO do Museu Nacional de Arqueologia, Colecção de Escultura Romana. Lisboa: I.P.M., 1995, pág. Nº Cat.61 | LACERDA, Aarão de - "História da Arte em Portugal", 1. Porto: Portucalense Editora, 1942, pág. 58 | MATOS, José Luís de - "Subsídios para um Catálogo da Escultura Luso-Romana", dissertação de licenc. apresentada à F.L.L.. Lisboa: 1966, pág. 54 | RIBEIRO, José Cardim (Coord) - Religiões da Lusitânia, Loquuntur saxa. Lisboa: IPM, 2002, pág. 381 | SOUSA, Vasco de - "Corpus Signorum Imperii Romani - Corpus der Skulpturen der Römischen Welt - Portugal". Coimbra: 1990, pág. 33 | VASCONCELOS, José Leite de - Religiões da Lusitania, II. Lisboa: Imprensa Nacional, 1905, pág. 195, 196 | VASCONCELOS, José Leite de - Religiões da Lusitânia, vol.III. Lisboa: Imprensa Nacional, 1913, pág. 111-146 | ÁLVAREZ MARTÍNEZ, J.M.; CARVALHO, A.; FABIÃO, C. "Lusitania Romana. Origen de dos pueblos. Lusitânia Romana. Origem de dois povos". STVDIA LUSITANA, 9. Mérida, 2015, pág. 286 | CARVALHO, A.; ALVAREZ-MARTINEZ, J.M.; CARVALHO, A. e FABIÃO, C. (2015) - Catálogo da exposição Lusitânia Romana - Origem de dois Povos. Lisboa. INCM - MNA, pág. 261 | |
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