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FICHA DE INVENTÁRIO
Museu: Museu Nacional de Etnologia Denominação: Adorno de cabeça Local de Execução: Arquipélago Bijagós, Guiné-Bissau. Matéria: Madeira, fibras vegetais, policromia. Dimensões (cm): largura: 40; comprimento: 98; Descrição: Adorno de cabeça de madeira, em forma de cabeça de peixe serra. A face dorsal é facetada com a maior altura na linha mediana; os olhos são representados por 2 círculos inscritos. Na face oposta, além da calote onde entra a cabeça do bailarino que a usa, vê-se a boca, em relevo, com fendas branquiais. Na restante superfície, cinco rémoras e uma raíz.
Toda a superfície apresenta-se pintada de vermelho; os desenhos de rémoras a preto e a raíz de a branco.
Tem uma fissura longitudinal, cosida por fibras vegetais. Proveniência: Ilha de Uracane, Arquipélago Bijagós, Guiné-Bissau
Origem / Historial: Utilizada pelos rapazes da classe de idade pré-iniciática "karo" (cabaro, kalo) em momentos de dança, correspondendo à estilização de um peixe-serra.
As performances com máscaras são a face mais visível do sistema de organização social que tem estruturado a comunidade Bijagó, segundo o qual os homens estão sujeitos a uma hierarquia de classes de idade desde muito novos. A progressão pelos sucessivos grupos etários é fortemente marcada até certa idade pela participação em apresentações públicas nas quais se interligam elementos como música, canto e dança. Estas atuações são verdadeiras performances artísticas, através das quais os protagonistas experimentam sensorialmente os valores e conduta morais que a comunidade exige de si. As máscaras evidenciam por si só a fase de maturação em que se encontram os indivíduos. Estas podem representar animais aquáticos como o peixe-serra e o tubarão ou animais terrestres como a vaca, o boi ou o búfalo. Quando mais leves e pequenas, são atribuídas aos mais jovens, mimetizando a sua inexperiência. O peso, grande dimensão e ferocidade de outras, representam a pujança física e a exuberância da juventude ainda indomada característicos de uma fase anterior à iniciação ("fanado"). O despojamento mais tardio do colorido e da complexidade dos trajes no homem adulto traduz a valorização da sabedoria e poderes rituais próprios dos anciãos.
Bibliografia | HERREMAN, Frank, ed. lit. - Na Presença dos Espíritos: Arte Africana do Museu Nacional de Etnologia. Nova York: Museum for African Art/Snoeck-Ducaju & Zoon, Gent, 2000 | Duquette, Danielle Gallois - Dynamique de l'art bidjogo (Guinée-Bissau): contribution a une anthropologie de l'art des sociétés africaines. Lisboa: IICT, 1983 | HENRY, Christine - "Danses et travestissements bijago (Guinée-Bissau)" in: Mascarades et Carnavals. Paris: Musée Dapper, 2011 | DUQUETTE, Danielle Gallois - "Informations sur les arts plastiques des Bidyogo" in: Art d'Afrique noir, 18, 1976: 26-43 | BORDONARO, Lorenzo I. - Iniziazione Maschile e Musica trai i Bijagó di Bubaque (Guinea-Bissau), Università degli Studi di Torino, Facoltà di Lettere e Filosofia, Corso di Laurea in Filosofia (Tesi di Laurea in Antropologia Culturale), 1998 [CD] | Moreira, José Mendes - Breve ensaio etnográfico acerca dos Bijagós. [Bissau: s.n.], 1946 | Lima, Augusto J. Santos - Organização económica e social dos Bijagós. [S.l.: s.n.], 1947 | Scantamburlo, Luigi - Etnologia dos Bijagós da Ilha de Bubaque. Lisboa: Inst. de Investigação Científica Tropical ;, 1991 | BORDONARO, Lorenzo I. - Living at the Margins. Youth and Modernity in the Bijagó Islands (Guinea-Bissau) [Em linha]. Lisboa: ISCTE, 2006. Tese de Doutoramento em Antropologia. [Consult. 10 Maio 2012]. Disponível em http://repositorio-iul.iscte.pt/handle/10071/348. | |
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