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FICHA DE INVENTÁRIO
Museu: Museu Nacional de Arqueologia Supercategoria: Arqueologia Categoria: Instrumentos e utensílios Denominação: Torre de roca Datação: XII d.C. - XIII d.C. - Idade Média - Contexto Islâmico Técnica: Talhe, polimento e decoração por incisão Dimensões (cm): diâmetro: 1,8; comprimento: 7; Descrição: Torre de roca, incompleta, de osso. O fragmento conservado apresenta um tubo ôco, cilíndrico nas extremidades. Ostenta decoração incisa. A decoração é profusa, com sulcos incisos dispostos horizontalmente e paralelos à extremidade superior. Na parte inferior apresenta um engrossamento onde surgem círculos recortados e vazados. Encontra-se colada, contudo ainda está incompleta. Incorporação: Outro - Desconhecida Proveniência: Castelo de Mértola
Origem / Historial: Em 1877, Estácio da Veiga foi convidado pelo Sr. Conselheiro Geral de Instrução Pública, a proceder a um exame dos vestígios antigos do concelho de Mértola e a apresentar a revisão da carta arqueológica local. Iniciaram-se, deste modo, as escavações em 2 de Março de 1877, um pouco por todo o concelho, pondo a descoberto vestígios de várias épocas pré-históricas e históricas, desde o Neolítico até à Idade Média, dando a conhecer uma Mértola bem mais antiga do que as fontes escritas testemunhavam até então. A grande maioria destes objectos foram, em primeira instância, depositados num gabinete reservado da Academia Real de Belas Artes, sendo mais tarde integrados nas colecções do Museu Etnológico J.L.V.
Em 1895, o Dr. José Leite de Vasconcelos, em visita a Mértola, procede a novas escavações, aumentando substancialmente as descobertas e consequentemente o acervo do Museu. O espólio de Mértola, pertencente ao Museu, foi igualmente enriquecido, ao longo dos anos, através de inúmeras doações ou por compra de peças.
Estudo da peça: Eva - Maria von Kemnitz
Esta torre de roca provém de Mértola onde foi recolhida na zona do castelo em data e circunstâncias desconhecidas.
Torre de roca, às vezes designada por torre de fiar ou ainda manga de roca, constitui um utensílio essencial no processo de fiação e funciona como suporte da rama de algodão, de lã ou outra matéria textil destinada para ser transformada em fio.
Frequentemente estes artefactos são decorados de uma maneira elaborada e são, às vezes, produzidos em materiais nobres como marfim, indício claro que se destinavam às classes abastadas.
O exemplar em apreço, pela profusa decoração que ostenta como ainda pelo facto de ter sido recolhido na zona do castelo, situa-se exactamente na categoria de objectos de luxo.
A indústria textil constituiu uma actividade económica de relevo em todo Al-Andalus, processando-se em grandes oficinas urbanas como paralelamente em pequenos núcleos de economia doméstica. Os têxteis islâmicos constituiam objecto de intensas trocas comerciais e eram muito procurados. A importância da indústria textil encontra-se corroborada pela imensa quantidade de utensílios de fiação encontrados nos sítios islâmicos em toda a Península que forneceram numerosos exemplares de torres de roca, cossoiros ou fusos.
Em Portugal a maior parte desses materiais arqueológicos conhecidos provém do Algarve , sobretudo dos pequenos centros de economia rural.
No acervo do MNA existem mais dois exemplares de torre da roca, o nºInv.14036 (incompleto), também de Mértola e ainda o nº Inv. 15602 - H, de proveniência desconhecida.
Bibliografia | AAVV - "Cercadilla, Un yacimento llave para la historia de Córdoba"; Revista de Arqueologia, nº 163. Madrid: 1994, pág. p. 48, Fig. 3 | CATARINO, Helena - "Objectos de osso e de metal recolhidos nas escavações do Castelo de Salir", Al-Ulya, nº2. Loulé: Arquivo Municipal de Loulé, 1993, pág. pp.17, 22, 31 | CATARINO, Helena; et alii - "Vale do Boto: Escavações de 1981 no Complexo Árabe-Medieval", in Clio, nº3. Lisboa: 1981, pág. pp. 9-28 | MACIAS, Santiago - Mértola Islâmica, Estudo Histórico-Arqueológico do Bairro da Alcáçova (Séculos XII-XIII). Mértola: CAM, 1996, pág. 88 a 90 | TORRES, Cláudio; ALVES da SILVA, Luis - Mértola, Vila Museu. Mértola: CAM, 1989, pág. p. 56 | VARELA GOMES, Rosa - "Cerâmicas Muçulmanas do Castelo de Silves". Silves: "Xelb", nº 1, C.M. de Silves, 1988, pág. pp. 80-81 | |
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