Museu:
Museu Nacional de Arqueologia
Supercategoria:
Arqueologia
Denominação:
Suporte de talha epigrafado
Datação:
XII d.C. - XIII d.C. - Idade Média - Contexto Islâmico
Técnica:
Torno e estampilhagem
Dimensões (cm):
altura: 14; espessura: 1,2; diâmetro: base: 23;
Descrição:
Suporte de talha de cerâmica coberto em ambas as faces de engobe beige claro e com vestígios de esmalte verde na face exterior. Apresenta pé anelar, corpo troncocónico ôco de paredes grossas com um bico vertedor com um canal interior, aba larga saliente pronunciadamente esvasada. Na parte superior tem uma plataforma interior convexa com uma incisão para canalizar água para o canal do bico. De cada lado do bico vertedor existe uma abertura horizontal encimada por um arco ogival rematado por uma linha picotada.
Decoração estampilhada composta por dois frisos ornamentados na parte superior do corpo. O friso superior, em baixo da aba, apresenta inscrições em caractéres nashhi, bastante gastos, dispostas cada uma do lado do bico vertedor terminando ambas em forma de uma canelura saliente no resto do corpo. O friso epigráfico está separado por uma canelura saliente do friso que se segue, composto por motivos geométricos formados por um entrelaçado rematado por uma outra canelura saliente, sendo a restante parte do corpo lisa.
A riqueza de elementos decorativos de carácter epigráfico, arquitectónico e geométrico patentes nesta peça assim como a execução esmerada indicam de uma maneira inequívoca que este artefacto além da função utilitária tinha um carácter ornamental realçado pelo seu aspecto estético. Talhas cobertas de esmalte verde de tonalidades deferentes e decoradas com profusos motivos estampilhados situam-se no contexto das cerâmicas islâmicas dos sécs. XII/XIII. A utilização de motivos arquitectónicos em forma de arcos é corrente na mesma época. Por sua vez, a utilização da escrita cursiva denominada nashhi generaliza-se a partir do final do século XII.
A insrição que ostenta apresenta-se pouco legível, distinguindo-se apenas letras soltas "lam" e "nun" o que permite hipoteticamente avançar com a leitura: "al-yumn"(felicidade) com que frequentemente eram ornamentados diversos artefactos cerâmicos.
Na Alcáçova de Mértola foi recolhida uma peça semelhante, isto é, um suporte de talha com bico vertedor, decorado com dois frisos compostos por motivos estampilhados de carácter geométrico, atribuído ao séc. XII. No acervo do MNA existe um exemplar análogo, incompleto proveniente muito provavelmente de Silves, nomeadamente o nº Inv. 17105. Ostenta também uma decoração estampilhada. Possui igualmente um friso epigrafado em carácteres nashhi que reproduz a palavra "al-yumn" (felicidade).
Esses exemplares testemunham a padronização das producções cerâmicas em diversos centros oleiros que reproduzem as mesmas tipologias e o mesmo tipo de motivos decorativos aplicados em objectos análogos.
Incorporação:
Outro - Desconhecido