Origem / Historial:
Lápide epigrafada proveniente de Mértola, sendo desconhecidos outros pormenores do achado. Deu entrada no Museu em 1940, entre Setembro e Dezembro daquele ano. Trata-se de uma lápide epigrafada incompleta, subsistindo apenas cinco linhas de escrita em caracteres nashhi em relevo, de execução pouco cuidada e sem pontos diacríticos. A análise do texto não permite nenhuma conclusão quanto a seu conteudo dado que apenas a segunda linha faz sentido, lendo-se:" noventa e quinhentos",
sendo o resto do texto composto por junção de letras. A. R. Nykl, arabista americano, que a examinou nos anos quarenta no âmbito do levantamento da epigrafia árabe em Portugal por ele empreendida, avançou a hipótese de que a lápide em apreço constituir uma espécie de pedra de ensaio, reconhecendo nela a mão do mesmo aritífice que teria executado a lápide E 6562 (ver a respectiva ficha), proveniente também de Mértola, no acervo do MNA, coincidindo a segunda linha da pedra de ensaio com a nona
linha do texto da lápide acabada E 6562. Esta hipótese não é de estranhar sabendo-se como se sabe que os Árabes tinham em grande apreço a arte de caligrafia. Copiar o texto alcorânico era considerado um acto meritório de um Muçulmano pio. Os epitáfios continham frequentemente ao lado de dados pessoais alusivos ao defunto, tais como o nome, filiação etc, data do falecimento, também trechos do Alcorão.
Nem sequer se trata de um caso inédito. Entre os monumentos de epigrafia árabe conhecidos em Portugal, existe no Museu de Faro uma lápide que serviu de pedra de ensaio a uma inscrição proveniente de Silves. A reforçar a hipótese apresentada por A. R. Nykl, é o facto de ambas as lápides, tanto a lápide funerária E 6562 como a que lhe serviu de pedra de ensaio, nomeadamente E 7417, são feitos em mármore do mesmo tipo, isto é em mármore granolamelar cinzento da região de Mértola.
Estudo da peça: Eva - Maria von Kemnitz