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FICHA DE INVENTÁRIO
Museu:
Museu Nacional de Etnologia
N.º de Inventário:
AK.890
Supercategoria:
Etnologia
Categoria:
Ritual
Denominação:
Irã
Autor:
Desconhecido
Local de Execução:
Ilha de Uno, Arquipélago dos Bijagós, Guiné-Bissau.
Grupo Cultural:
Bijagós
Datação:
XX d.C.
Matéria:
Madeira, fibras vegetais, pele.
Dimensões (cm):
comprimento: 58;
Descrição:
Irã em madeira, representando uma figura semelhante a um corno retorcido em curva larga, facetado, com um buraco de lés a lés junto à ponta de onde pende uma tira de pano à qual estão presas três pontas de folhas de palma. A meio tem um reforço de pele, que a envolve. Recoberto de engobo preto e cascas de ovo. Junto à base tem um enrolamento de fibras vegetais.
Incorporação:
Compra
Proveniência:
Cabune, Ilha de Uno, Guiné-Bissau.
Origem / Historial:
Usado no culto e homenagem aos antepassados pelos rapazes da classe de idade "kañokã" ("canioca", "kanhokam"). Entre os Bijagós os rapazes não são avaliados pela sua idade verdadeira, mas pela classe de idade a que pertencem. Danielle Duquette (1983) refere um total aproximado de 8 classes de idade na generalidade das ilhas e Christine Henry (1994) especifica apenas 4 na ilha de Canhabaque, não se referindo a nenhuma classe de idade anterior à de "kañokã". É ideia geral que durante os primeiros anos de vida os rapazes não têm nenhuma norma de comportamento própria nem ocupam nenhuma posição social específica, correspondendo esta fase aos escalões etários ditos informais (BORDONARO, 2006: 46). Os escalões etários formais correspondem a classes de idade com prerrogativas próprias que têm início com a classe kanhokam, entre os 12 e os 17 anos (BORDONARO, 2006: 48). O acesso a este grupo é marcado por uma cerimónia secreta na floresta, durante a qual o jovem é introduzido no conhecimento de algumas propriedades medicinais das plantas que, por exemplo, afastam as cobras, muito abundantes nestas ilhas, e protegem contra energias mágicas negativas. Após várias reuniões com os grandes da aldeia, os jovens aprendem também que existe um código moral que não pode ser transgredido - roubo e difamação são punidos, e os antepassados e os mais velhos têm de ser servidos. Usa amuletos e começa a trabalhar no campo e a recolher o fruto da palmeira. Aprende a tocar o longo tambor. É neste grupo que os jovens rapazes começam a exteriorizar algumas das facetas reminiscentes de um passado guerreiro de forma exuberante nas suas danças, empunhando espadas de madeira e escudos de fibra entrançada que bramem durante a dança. Utilizam também à volta da cintura cinturões de couro e pulseiras nos pulsos. Nos braços, anéis de madeira que podem ser bastante largos e semi-cilíndricos (Uracane e Uno) ou discos achatados ligeiramente cortados de modo a permitir o braço encostar ao tórax (Canhabaque e Formosa) (DUQUETTE, 1983: 102; HENRY, 1994: 13). Entre alguns dos seus elementos decorativos encontramos animais domésticos, palmeiras e estrelas. Danielle Gallois Duquette descreve-nos ainda uma máscara bovina usada por este grupo etário, a gn’opara, com uns chifres naturais bastante longos e grandes, comparativamente ao tamanho da cabeça, referindo-se a uma produzida na ilha Formosa (DUQUETTE, 1983: 104).
Bibliografia

Bibliografia

QUINTINO, Fernando Rogado. Justiça de Iran. In: Boletim Cultural da Guiné Portuguesa. Bissau, Vol2, N.5, 1947, p.197-205

QUINTINO, Fernando Rogado. Entre gente temente ao Deus Irã. Ultramar. Lisboa, vol8, n32, 1968, p.99-111

Duquette, Danielle Gallois - Dynamique de l'art bidjogo (Guinée-Bissau): contribution a une anthropologie de l'art des sociétés africaines. Lisboa: IICT, 1983

Moreira, José Mendes - Breve ensaio etnográfico acerca dos Bijagós. [Bissau: s.n.], 1946

Lima, Augusto J. Santos - Organização económica e social dos Bijagós. [S.l.: s.n.], 1947

DUQUETTE, Danielle Gallois - "Introdução aos Bijagós da Guiné-Bissau". In HERREMAN, Frank (ed.) - Na Presença dos Espíritos: arte africana do Museu Nacional de Etnologia. Lisboa, Nova Iorque: Museum of African Art, 2000.

 
     
     
   
     
     
     
 
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