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FICHA DE INVENTÁRIO
Museu:
Palácio Nacional da Ajuda
N.º de Inventário:
53999
Supercategoria:
Arte
Categoria:
Equipamento e utensílios
Denominação:
Maqueta do Erário Régio
Autor:
Costa e Silva, José da,
Centro de Fabrico:
Portugal
Datação:
1789,00 M.A.
Matéria:
Madeira de árvore de fruto (corpo) e madeira de mogno (?) (base)
Técnica:
Madeira recortada e entalhada
Dimensões (cm):
altura: 90; diâmetro: 77;
Descrição:
A maqueta do Erário Régio representa o corpo central do edifício projectado pelo Arquitecto José da Costa e Silva para o sítio da Patriarcal Queimada, em Liboa, actualmente designado Praça do Príncipe Real. O corpo central desenvolve-se em três pisos e é rematado por uma cúpula oitavada encimada por um lantrernim. Inscreve-se num prisma de base octogonal com lados de dimensão variável entre 29cm e 34cm, simetricamente em relação ao eixo longitudinal do edifício, e uma altura de cerca de 90cm. A maqueta está elaborada a uma escala aproximada de 1:64. Assente numa peanha octogonal provavelmente mais tardia. É composta por cinco partes, também articuladas entre si simetricamente em relação ao eixo longitudinal do edifício, quatro das quais são destacáveis. O seu sucessivo destaque permite "entrar" na maqueta de um modo análogo àquele que se entraria no erário, até se chegar ao corpo central. O seu interior contém 43 colunas de ordem jónica e compósita. A parte fixa corresponde a uma secção de 3/4 do corpo central do edifício, incluindo a cúpula. A restantes partes, de acordo com a ordem com que são destacadas, correspondem aos seguintes elementos: - lanternim do edifício; - secção de 1/4 do corpo central do edifício, incluindo a cúpula; nesta secção, na face interior do respetivo pano da cúpula, ao centro, existe uma moldura semicircular que, sendo única e encontrando-se sobre a entrada do edifício, possivelmente incorporaria uma referência ao patrocínio régio da obra; - secção de 1/4 da arcada octogonal intermédia do piso inferior do corpo central do edifício, incluindo o arranque das abóbadas do tecto; - área octogonal do pavimento do primeiro piso, incluindo a abóbada do tecto do piso inferior; na face da abóbada está marcado um F - "frente" - que esclarece a orientação da peça. Na face da abóbada está marcado um F – frente – que esclarece a orientação da peça na maqueta. Autoria da descrição Doutor Arqto João Couto Duarte.
Incorporação:
Transferência - A maqueta foi transferida do Depósito de Xabregas para o Palácio Nacional da Ajuda a pedido do então conservador do Palácio, Dr. Aires de Carvalho.
Origem / Historial:
Esta maqueta representa o corpo central do edifício do Erário Régio projectado pelo Arquitecto José da Costa e Silva (1747-1819), em 1789, para o Sítio da Patriarcal Queimada, em Lisboa, actualmente designado como Praça do Príncipe Real. Embora a construção do edifício tenha sido iniciada logo em 1790, os trabalhos foram sendo progressivamente retardados até serem suspensos, em definitivo, em 1799. As fundações do erário, entretanto realizadas, foram posteriormente integradas no Reservatório da Patriarcal, projectado pelo engenheiro francês Louis-Charles Mary (1791-1870) e construído em 1863. A maqueta terá sido elaborada por um entalhador, emborse desconheça qual. A relevância desta maqueta pode ser avaliada quer na compreensão dessa e da restante de Costa e Silva e da arquitectura portuguesa, na transição do século XVIII para o século XIX, quer na compreensão das práticas projectuais então vigentes, em particular na relação estabelecida entre desenho e representação tridimensional. Para a compreensão do projecto do erário e para a discussão que, a partir dele, é feita sobre a arquitectura portuguesa sua contemporânea, mais do que corroborar alguns dos argumentos comuns, que tendem a antagonizar-se entre a defesa da passagem de estéticas tardo-barrocas para estéticas neoclássicas (França, 1994) e a verificação do recurso reiterado a fórmulas da tratadística, no caso provenientes dos Livros de Sebastiano Serlio (Pereira, 1995), a maqueta poderá sobretudo contribuir para se discernir o grau de canonicidade da adopção das ordens arquitectónicas, atestando a formação academista de Costa e Silva em Itália. Na maqueta, é claro o empenho na definição e no controlo do léxico arquitectónico clássico, sendo disso exemplo a entasis das colunas e a pormenorização detalhada dos respectivos capitéis. A maqueta permite ainda vislumbrar a solução proposta por Costa e Silva para o corpo central do seu projecto para o Real Palácio da Ajuda, elaborado em parceria com Francisco Xavier da Costa Fabri (1761-1817), em 1802. Quer no erário, quer no palácio, foram projectadas estruturas de base octogonal, desenvolvidas em três pisos e rematadas por cúpulas oitavadas. O projecto do palácio poderá ser observado como um desenvolvimento de opções estruturais e formais equacionadas no projecto do erário. Além destes contributos, a maqueta deve também ser observada como um documento síntese do projecto, articulando a representação das suas situações espaciais mais complexas com a transmissão da uma necessária informação construtiva. Este era também um modo de permitir a previsão de custos da obra. A maqueta reflecte uma separação progressivamente estabelecida entre informação de âmbito artístico e informação de âmbito técnico, num entendimento consentâneo com a prática europeia da época. Assim, privilegiando a representação do corpo central do erário, mais complexo, em detrimento da sua estrutura quadrangular externa, mais simples, a lógica de execução da maqueta foi sujeita à lógica construtiva da arquitectura que era convocada a comunicar. Quer na assemblagem das suas peças, quer na articulação das suas partes amovíveis, a maqueta aproxima-se de um mecanismo – rigoroso e mensurável, isto é: técnico –, para o qual a cor ou qualquer outra aproximação similar seriam perturbadores e, por isso, dispensáveis. Ao desenho poderia ser deixada a comunicação persuasiva – colorida e sombreada, isto é: artística – da obra. Pela sua formação italiana, José da Costa e Silva terá certamente tido oportunidade de observar algumas das maquetas então em uso, confrontando-se com as possibilidades e as exigências desse tipo de representação arquitectónica. Independentemente destas possibilidades de investigação, a relevância da maqueta do Erário Régio é determinada pelo facto de ser um dos raríssimos exemplares portugueses anteriores ao século XX deste tipo de representação projectual. Nesse lapso temporal, só existem três outras maquetas: a do projecto da Capela-Mor da Sé de Évora, da autoria de João Frederico Ludovice (1673-1752), de 1718, entretanto adaptada para templete da Imagem de Nossos Senhor da Casa dos Ossos, na Igreja de São Francisco, em Évora, a do projecto da Capela de São João Baptista, da autoria de Luigi Vanvitelli (1697-1751) e de Nicola Salvi (1700-1773), de 1742-44, que se encontra exposta no Museu de São Roque, em Lisboa, embora esta última tenha origem romana, e uma terceira, pertencente a uma colecção particular, que representa o Palácio do Duque, em Alpriate, mandado construir por D. Pedro Henrique de Bragança (1718-1761), 1.º Duque de Lafões, já a seguir ao terramoto de 1755. Contudo, ao contrário da do erário, estas maquetas surgem, sobretudo, como registos de apresentação. Outras existiram, embora delas apenas reste memória. Texto e Investigação: Doutor Arqto. João Miguel Couto Duarte Lisboa, Outubro de 2013
 
     
     
   
     
     
     
 
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