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FICHA DE INVENTÁRIO
Museu:
Museu Nacional de Etnologia
N.º de Inventário:
AK.892
Supercategoria:
Etnologia
Categoria:
Ritual
Denominação:
Machado
Autor:
Desconhecido
Local de Execução:
Ilha de Uno, Arquipélago Bijagó, Guiné-Bissau
Grupo Cultural:
Bijagós
Datação:
XIX d.C. - XX d.C.
Matéria:
Madeira, metal.
Dimensões (cm):
altura: 41;
Descrição:
Machado com lâmina de ferro e cabo de madeira. No cabo encontra-se esculpida a figura feminina com seios salientes e mãos apoiadas neles, saia de franja curta e cinto acima do umbigo.
Incorporação:
Compra
Proveniência:
Angodigo, ilha de Uno, arquipélago Bijagó, Guiné-Bissau
Origem / Historial:
Machado habitualmente produzido em reclusão no mato pelos jovens em processo de iniciação e depois utilizado pelas raparigas «defunto» em rituais de possessão. Este machado pertenceu ao rei Dom Carlos de Orango que ofereceu posteriormente à sua irmã casada com o chefe da aldeia de Andigo. Ainda que os Bijagós considerem que as mulheres não sejam iniciadas, para que estas atinjam o estatuto de mulheres adultas plenas (mulheres "grandes") devem passar por momentos performativos públicos na aldeia. Estes consistem em momentos de possessão dos espíritos dos rapazes que morreram antes de serem iniciados. Aqui elas chamam-se "defuntos" e incarnam uma identidade masculina patente em alguns adornos, nomeadamente, através do uso de sabres, espadas, bastões, escudos e machados. Esta prática decorre da crença que o espírito de um homem que morre antes de ser considerado adulto, permanecerá errante junto do mundo dos vivos, tornando-se uma energia perigosa na aldeia, causadora de doenças e mortes. São as mulheres que têm a capacidade de mediarem os dois mundos e de restabelecerem o equilíbrio. Através de rituais de possessão elas concluem o ciclo iniciático daqueles que morreram. O machado reveste-se de uma dualidade masculina e feminina: a agressividade masculina é manifestada pela lâmina e a fecundidade, ligada à capacidade reprodutora da mulher, está presente na figura feminina esculpida. Esta figura é a representação de uma jovem Bijagó com os atributos próprios dos padrões locais de beleza: tradicional saiote de ráfia, cabelo curto untado de argila, pernas fortes e pescoço gracioso.

Bibliografia

GALHANO, Fernando - Desenho Etnográfico de Fernando Galhano - II África. Lisboa: IICT/INIC/CEE, 1985, pág. fig. 34

HERREMAN, Frank, ed. lit. - Na Presença dos Espíritos: Arte Africana do Museu Nacional de Etnologia. Nova York: Museum for African Art/Snoeck-Ducaju & Zoon, Gent, 2000, pág. 179

OLIVEIRA, Ernesto Veiga de - Escultura africana em Portugal. Lisboa: JIU/MEU, 1985

Museu de Etnologia do Ultramar - Povos e Culturas. Lisboa: JIU/MEU, 1972

Duquette, Danielle Gallois - Dynamique de l'art bidjogo (Guinée-Bissau): contribution a une anthropologie de l'art des sociétés africaines. Lisboa: IICT, 1983, pág. fig. 97

GALHANO, Fernando - Esculturas e objectos decorados da Guiné Portuguesa no Museu de Etnologia do Ultramar. Lisboa: Junta de Investigação do Ultramar/Centro de Estudos de Antropologia Cultural, 1971, pág. 38

HENRY, Christine - "Danses et travestissements bijago (Guinée-Bissau)" in: Mascarades et Carnavals. Paris: Musée Dapper, 2011

Escultura africana no Museu de Etnologia do Ultramar. Lisboa: Junta de Investigações do Ultramar, 1968

DUQUETTE, Danielle Gallois - "Informations sur les arts plastiques des Bidyogo" in: Art d'Afrique noir, 18, 1976: 26-43

 
     
     
   
     
     
     
 
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