Origem / Historial:
Escultura coletada pelo etnógrafo Fernando Rogado Quintino em 1963, no âmbito da Missão Organizadora do Museu do Ultramar, atual Museu Nacional de Etnologia. Tem autoria atribuída ao escultor Joaquim Có, da etnia papel, na Guiné-Bissau. É parte de um conjunto de 20 objetos deste autor, adquiridos na mesma circunstância, para o acervo do MNE. As esculturas retratam cenas da vida quotidiana da Guiné-Bissau no início da década de 1960 e caracterizam-se por um entalhe e formas de composição recorrentes na obra de Joaquim Có. Os objetos são esculpidos de uma maneira geral em peça única de madeira, com formas arredondadas, apresentando forte expressividade e plasticidade, criando uma idéia de movimento nas cenas representadas.
A cena do roubo é um tema recorrente na obra de Joaquim Có, com diversas variações. O roubo entre os balanta possui dimensão ritual. O “blufo” (pessoa que rouba), comete furtos para homenagear o seu irã do fanado, espírito adepto de estroinices e que não protege os rapazes sisudos. Acredita-se que aqueles que, por medo ou inaptidão, não participam de nenhum roubo perdem a proteção do irã. Por outro lado, quanto maior o número de roubos, a sua criatividade e arrojo, maior será o seu reconhecimento junto do grupo, pois atesta assim, a sua destreza. Se o autor do roubo é descoberto, o objeto do furto não deve ser devolvido ao seu antigo dono. Tem então início, uma negociação quanto à restituição do objeto roubado, reposto muitas vezes com objetos de maior valor do que o roubado.