Origem / Historial:
De gosto assumidamente português e comprometidas socialmente com a realidade do país, as figuras de movimento, com um sistema de engonço que permite articular a cabeça, o tronco e as pernas, constituem uma marca de originalidade imprimida por Rafael Bordalo Pinheiro à cerâmica portuguesa de transição do século XIX para o XX.
Nascido em Lisboa, em 1846, no seio de uma família de artistas, Bordalo Pinheiro, em 1883, no auge da sua carreira como caricaturista e ilustrador, aceita dirgir o setor técnico e artístico da recém fundada Fábrica de Faianças, em Caldas da Rainha. Aí viria a desenvolver uma fecunda e criativa atividade de ceramista influenciada pelos diversos figurinos estéticos coevos, mas sobretudo, por correntes naturalistas, às quais empresta a sua visão acutilante sobre a sociedade.
Começaria então a produção de várias tipologias de caráter popular e social que possuiam, como nota preponderante, o sarcasmo, o humor, a graça e vivacidade com que Rafael caricaturava ou simplesmente reproduzia personagens e costumes da época: a "Maria Paciência", a "Velha Maria", a "Ama das Caldas", o "Estudante", o "Padre", o "Sacristão", o "Peixeiro", o "Padeiro", o "Forcado", o "Polícia", a "Fadista" e, entre outros, a "Ovarina", em evidência.
Proveniente da coleção de D. Maria Virgínia Magalhães da Silveira Montenegro Flórido, doada ao Museu em 1984, o Polícia e a Ovarina, foram produzidos nos dois anos seguintes à morte de Bordalo Pinheiro (em 1905), certamente, a partir dos moldes do mestre e pelo mesmo pessoal que trabalhava na fábrica, nessa altura, já, sob a direção de Manuel Gustavo Bordalo Pinheiro, seu sucessor.