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FICHA DE ENTIDADE
Museu:
Denominação:
Pousão, Henrique César de Araújo
Tipo:
Autor
Nascimento:
Vila Viçosa, 01/01/1859
Óbito:
Vila Viçosa, 00/00/1884
Biografia:
Nasceu em Vila Viçosa a 1 de Janeiro de 1859. Pela profissão do pai, o juiz Pousão, viveu sucessivamente em Elvas, Barcelos, Guimarães, Olhão e Odemira, condicionando as suas aprendizagens e obra futuras. Em 1872, com a deslocação do pai para Barcelos e depois para Guimarães, começou os seus estudos artísticos na Academia Portuense de Belas Artes, que se prolongaram até 1879, não sem antes frequentar as aulas particulares do pintor António José da Costa. O período de aluno académico foi brilhante, obtendo sempre boas classificaçõ¬es em qualquer das áreas de formação artística da época. A sua prova final de Arquitectura foi considerada digna de ficar na Academia, bem como a prova final do curso de Pintura Histórica, Daphnis e Chloé, com a qual obteve 18 valores em 1879. Na Academia teve como mestres mais marcantes Tadeu de Almeida Furtado e João António Correia. Mas aí receberia ainda a influência de dois pintores que se encontravam em Paris como pensionistas do Estado – Silva Porto e Marques de Oliveira, em especial este último. As remessas obrigatórias des¬tes pensionistas vieram abrir novas perspectivas ao ensino académico, tendo reflexo imediato na obra de Pousão deste período. Depois do regresso de Marques de Oliveira, e antes da sua partida para França, Pousão colaborou ainda com ele e outros artistas na formação do Centro Artístico Portuense e do seu orgão A Arte Portuguesa e, através de Soares dos Reis, fez alguns traba¬lhos para a revista O Occidente. De entre os colegas da Academia, há que salientar sobretudo dois: Sousa Pinto, porque foi sempre seu rival ao longo do curso e veio a acompanhá-lo no pensionato no estrangeiro, e José de Brito, porque foi o companheiro e amigo, com quem partilhou a morada no Porto. Em Junho de 1880, Pousão venceu o concurso de pensionista do Estado no estrangeiro na classe de Pintura de Paisagem, em oposição a António Ramalho. Em Novembro desse mesmo ano partiu para Paris, na companhia de Sousa Pinto, sendo admitido na Escola de Belas Artes, onde teve como orientado¬res Cabanel e Yvon. Passou o Inverno do 1º ano de pensionato trabalhando intensamente, tendo em vista as remessas obrigatórias para a Academia Portuense. Deve, no entanto, ter tomado contacto com a nova pintura, que se ia impondo, sendo provável, embora nada o confirme, que tivesse visitado a VI Exposição dos Impressionistas realizada em Paris em 1881. São desta época pequenos apontamentos e estudos de paisagem, que Pousão considerava ser a finalidade do seu pensionato, mas para a execução dos quais se expôs demasiado ao clima rigoroso do Inverno parisiense, levando-o a contrair a doença que lhe viria a ser fatal. Em busca de ares mais propícios, foi autorizado a passar o Verão no Puy-de-Dôme, onde pintou três das obras que constituíram, além dos estudos académicos, a primeira remessa de pensionista. Estes dois estudos de paisagem e a representação de uma Velha a Dobar afastam-se da aprendizagem académica e vão mesmo além do naturalismo de Barbizon. De regresso a Paris e às aulas de Cabanel e Yvon, foi-lhe concedida a transfe¬rência que pedira para Roma, onde chegou em Dezembro de 1881. Apesar de já não estar integrado em nenhuma escola, inscreveu-se no Círculo de Artistas, onde à noite desenhava e estudava. Do período romano são obras díspares, que nos mostram um Pousão com várias facetas e numa fase de experimenta¬ção de novas vias, que se irão desenvolver com a partida para Capri, no Verão de 1882. Por um lado, são as obras de cariz mais académico, que alcançaram grande sucesso e foram talvez as mais celebradas na época, sobretudo a Cecília, por outro são os pequenos apontamentos com aspectos de Roma e a Senhora vestida de preto, onde o artista se torna mais livre no tratamento das figuras e paisagens. A etapa seguinte é constituída pelas duas estadias em Capri (de Junho de 82 a Janeiro de 83 e de Julho a Setembro de 83), entremeadas por alguns meses em Roma novamente, para fazer a remessa do 2° ano de pensionista. Em Capri reencontrou o tipo de paisagem, de cor, de luz, do seu Alentejo natal e do Algarve. São deste período algumas das suas obras mais conhecidas e que, ao mesmo tempo, mais polémica geraram, em torno de um pretenso impressio¬nismo que lhe foi atribuído entusiasticamente por Abel Salazar, repetido depois por outros autores: quer as grandes telas que realizou para a Academia, como As Casas Brancas de Capri, ou a Rapariga deitada no tronco duma árvore, quer as pequenas impressões que foi pintando nos vários locais que percorreu, de onde sobressai a Casa das Persianas Azuis. Esta fase da obra de Pousão foi sem dúvida a mais original, pois aí, entregue a si próprio, num ambiente paisagístico que lhe era de algum modo familiar, pôde dar largas à sua visão pessoal. Apesar de influências várias que se podem perceber em aspectos parcelares de algumas das suas obras, Pousão criou uma via própria, que não teve tempo de amadurecer, uma vez que a sua vida tão curta não lhe permitiu passar da fase de aprendizagem. A agudização da doença obrigou-o a regressar a Portugal em Outubro de 1883, antes de terminar o pensionato. Em Novembro fixou-se em Vila Viçosa, em casa de seu primo Matroco, onde pintou as últimas obras. Ai morreu, vítima de tuberculose, em Março de 1884. À morte do filho, o juiz Pousão mandou reunir todo o espólio existente na família e ofereceu-o à Academia Portuense de Belas Artes, passando este conjunto notável de perto de 100 obras para o Museu Nacional de Soares dos Reis, quando este se separou da Academia. Nesta última ficaram ainda grande parte das academias do período escolar. Durante a sua curta vida, Pousão participou nas Exposições Trienais da Academia Portuense de Belas Artes, enquanto aluno (11ª - 1874 e 12ª - 1878, onde expôs o auto-retrato) e enquanto pensionista (13ª - 1881), sendo na 14ª - 1884 feita a apresentação póstuma das suas últimas remessas como pensionista, bem como de outras obras pertencentes à Academia e a particulares, como forma de homenagem ao aluno brilhante e promissor, como tal reconhecido pela mesma. Em 1877 levara também à Exposição Hortícolo-Agrícola, realizada no Palácio de Cristal, Um cesto de camélias, pintada na tradição de António José da Costa, que lhe valeu uma menção honrosa. Em 1880 participou na 12ª Exposição da Sociedade Portuense de Belas Artes, com a sua prova final do 5º ano de Pintura Histórica Daphnis e Chloé e em 1882, concorreu ao Salon de Paris com Cecília, obra executada já em Roma.
 
     
     
   
     
     
     
 
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