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FICHA DE ENTIDADE
Museu:
Denominação:
Carneiro Júnior, António Teixeira
Tipo:
Autor
Nascimento:
Amarante, 16/09/1872
Óbito:
Porto, 00/00/1930
Biografia:
António Teixeira Carneiro Júnior nasceu em Amarante a 16 de Setembro de 1872. As circunstâncias precárias que envolvem o seu nascimento e primeira infância levam ao seu internamento no Asilo do Barão de Nova Sintra, no Porto, quando contava apenas sete anos de idade. Entre 1884 e 1896 frequentou a Academia Portuense de Belas Artes onde foi discípulo de Soares dos Reis, João António Correia e Marques de Oliveira. Em 1897 parte para Paris, subsidiado pelo Marquês da Praia e de Monforte e inscreve-se na Academia Julian, onde teve como mestre Jean Paul Laurens e Benjamin Constant. Vai manter-se naquela cidade até 1900, ano em que se realiza a Exposição Universal de Paris, para a qual é convidado, participando na decoração do pavilhão português. Ali expõe, além de dois retratos, a Fonte do Bem, pelo que lhe é atribuído uma medalha de bronze. Fervilham então em Paris tendências artísticas idealistas que se vinham desenvolvendo em reacção ao positivismo científico e em oposição à estética realista. Não foi na aprendizagem possível na Academia que o jovem encon¬trou respostas para as suas questões: embora não indiferente à estética impressionista em particular, identificou-se mais com sensibilidades enqua¬dradas no Simbolismo, de artistas como Puvis de Chavannes e Eugène Carrière. António Carneiro era um homem místico, melancólico e solitário, carácter a que não seriam alheias as privações e dificuldades de toda a ordem que experimentou. Carregado de interrogações existenciais, encontrou em Paris, nesse fin-de-siècle de grandes reflexões e crise espiritual, o meio ideal para a problematização das suas questões. É neste contexto que surge o tríptico A Vida, feito Esperança, Amor e Saudade, obra emblemática de Carneiro e da arte portuguesa, iniciada em Paris e apresentada pela primeira vez no Porto, em 1901, na Galeria da Misericórdia. Centro e arranque de toda a obra de pintor, “é a pintura sim¬bolista que a arte portuguesa podia produzir na charneira dos dois séculos” (J .A. França). Se por um lado esta obra evidencia a influência de Chavannes, por outro, remete-nos para o Friso da Vida que Munch expôs em Paris em 1897. Outras obras do pintor, dos primeiros anos deste século, manifestam tam¬bém a prevalência da sua opção simbolista – temas de história, religiosos e alegóricos, imbuídos de idealização espiritual. Assim Ecce-Homo (1901), Raquel (1902), Baptismo (1904), decoração do tecto da Bolsa do Porto (1907) são, entre outras, parte de um género de composições que o pintor vai deixar de fazer. Após a estadia em Paris, onde regressará logo em 1901 e 1903 e, mais tarde, em 1912 e 1913, viajou pela Bélgica e Itália. Reinstalado no Porto, a sua car¬reira artística vai desenvolver-se num contexto cultural muito particular e, só nele, se poderá entender o seu percurso. Pintor e poeta, “o artista mais intelectual do seu tempo”, vai viver rodeado de um grupo de pensadores, poetas, políticos, homens cultos associados em torno da revista A Águia. Fundada em 1910 é, a partir de 1912, o órgão do movimento literário e cul¬tural, a Renascença Portuguesa, constituído nesse mesmo ano no Porto. “Dar sentido e continuidade às energias intelectuais que a nossa raça possuía” (Teixeira de Pascoaes) tal era a finalidade desta publicação que veiculava os ideais daqueles que Manuel Laranjeira entendia serem os “homens superiores da Selecção Nacional”. António Carneiro foi director artístico de A Águia desde a sua fundação até 1927, data em que a revista deixa de ser publicada. Foram seus directores literários, inicialmente Teixeira de Pascoaes e, mais tarde, Leonardo Coimbra. Desde 1918 António Carneiro foi professor na Escola de Belas Artes do Porto e nomeado seu director em 1929, cargo que nunca chegaria a exercer. Ao longo de toda a sua carreira, António Carneiro praticou principalmente dois géneros de pintura: o retrato e a paisagem. É praticamente impossível inventariar o conjunto vasto de retratos que fez, a óleo, sanguínea e lápis, na sua maior parte posteriores a 1910. Se foi um género de pintura da sua pre¬ferência, foi também, a par das ilustrações, um meio de subsistência. Aceitava, com alguma relutância, encomendas de retratos de pessoas com quem não tinha afinidades ou simplesmente desconhecia. As suas melhores obras no género estão entre os retratos de amigos e companheiros, dos filhos Cláudio, Carlos e Maria, da mulher e de si próprio. Retratos espontâneos, não sujeitos aos condicionalismos da encomenda, neles dava total liberdade ao seu espírito de criador e de astuto observador de cada um dos que conhe¬cia na intimidade. Embora referenciado como "pintor de retratos" era a paisagem o que mais o atraía e que, no conjunto da sua obra, melhor manifesta as potencialidades inovadoras do artista que deu à arte portuguesa novos valores de modernida¬de. Às primeiras paisagens, marcadas por valores académicos rígidos, suce¬dem-se as “pochades” que realizou, entre 1897 e 1900, em França, em que são perceptíveis os ecos de Barbizon, numa estética naturalista que o pintor irá abandonar. Entre 1906 e 1915, realiza a série de paisagens de Leça da Palmeira, local onde passava o verão e onde pintava incansavelmente. Já distanciado da esté¬tica naturalista, “mais do que pedaços da natureza, o artista pinta sobretudo as próprias sensações...” (M. Laranjeira). Peso da Régua (1921) e Melgaço (n. dat.), ponto alto da paisagem de Carneiro, de certo modo inesperado, marcam um momento distinto e particular da relação do artista com o mundo exterior: de enorme força e vigor expressi¬vo inserem-se declaradamente numa estética expressionista. Entre os anos de 1925 e 1927 concentrou-se num género de pintura de grande intimidade: uma série de interiores de igrejas que traduzem os seus mais íntimos sentimentos de homem dilacerado pela morte da filha (1925). Em 1929 realiza uma composição, Camões lendo os Lusíadas aos frades de S. Domingos, obra de síntese que o pintor executa perto do fim da vida e que vende, no Brasil, nesse mesmo ano. António Carneiro desenvolveu ainda, ao longo de toda a sua carreira, uma intensa actividade como ilustrador. Ilustrou dezenas de livros: retratos de autores, capas de livros e ilustração dos textos. Neste capítulo, a obra de maior significado é a sua interpretação da Divina Comédia de Dante, obra rea¬lizada em plena maturidade (1928), que não chegou a concluir. Hoje parte do acervo do Museu Nacional de Soares dos Reis, os 42 desenhos para a ilustração do lnferno de Dante, autor que o apaixonou e que lia com frequência, revelam o melhor do seu talento de poeta visionário. Participou, com relativa frequência, em exposições individuais e colectivas dentro e fora do país. Exposições colectivas no Porto: entre 1894 e 1897 ¬Exposições de Trabalhos Escolares dos alunos da Academia Portuense de Belas Artes; 1897 - Exposição d'Arte pro¬movida pela Photografia Guedes; 1908 - Exposição de Belas Artes na Photografia União e na Sociedade de Belas Artes do Porto; 1927 - Ateneu Comercial do Porto. Exposições Colectivas em Lisboa: 1896 - Salão do Grémio Artístico; 1903 e 1906 – Sociedade Nacional de Belas Artes (em 1903 é contemplado com uma medalha de 2ª classe). Exposições individuais: 1901 e 1902 – na Galeria da Misericórdia do Porto; 1911 - Salão da Ilustração Portuguesa, Lisboa; 1922 – Sociedade Nacional de Belas Artes; 1925 ¬Exposição de Homenagem, Palácio da Bolsa do Porto e ainda uma exposição no seu atelier. Participou também em exposições fora do país: 1900 - Universal de Paris; 1904 - Universal de St. Louis, medalha de prata; 1907 - Internacional de Barcelona, medalha de prata; 1908 - Exposição Nacional no Rio de Janeiro, medalha de ouro; 1914 - Rio de Janeiro e Curitiba; 1929 - Rio de Janeiro e S. Paulo. Postumamente realizaram-se ainda várias exposições; de que salientamos: 1931 - Exposição de Homenagem, no Porto, organizada pelos amigos do pintor; 1937 - Salão Silva Porto; 1954 - Retratos de personalidades de Amarante, Amarante; 1955 - ESBAP, Porto; 1958 - Exposição Retrospectiva, Sociedade Nacional de Informação, Lisboa; 1962 - Vila Real; 1973 - Exposição Retrospectiva do I Centenário, Fundação Calouste Gulbenkian e Museu Nacional de Soares dos Reis. Em 1936, foi publicada no Porto uma antologia dos poemas de António Carneiro intitulada Solilóquios.
 
     
     
   
     
     
     
 
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