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FICHA DE CONJUNTO
Museu:
Museu da Música
N.º Conjunto:
1
Tipo:
Conjunto
Denominação:
Eclectismo na construção portuguesa de violinos e violoncelos
Descrição:
VIOLINOS DE CONSTRUÇÃO PORTUGUESA por CHRISTIAN BAYON Construtor de violinos e violoncelos É a primeira vez que o museu organiza uma mostra de instrumentos de cordas construídos em Portugal. E, só por isso, esta constitui uma enorme oportunidade para dar a conhecer o trabalho, a obra e o perfil dos mestres portugueses dessa arte conhecida como a lutherie. Desde que cheguei a Portugal, há cerca de 25 anos, que me dedico a estudar a arte portuguesa de construção destes instrumentos, seja através da colaboração com o Museu Nacional da Música, seja pelo estudo dos violinos, violas de arco e violoncelos que os clientes trazem ao meu atelier. Na verdade, o caso português é, desde logo, original na medida em que dificilmente se pode falar de uma escola de luthiers. A enorme diversidade de estilos, de competências e de métodos de trabalho que surgem no conjunto de instrumentos que chegaram até nós - e que agora o Museu Nacional da Música juntou para esta exposição - tornam impossível unificar as características destas obras, de modo a classificá-las numa "escola" própria e distintiva. Os instrumentos de arco portugueses mais antigos da família dos violinos que chegaram até nós datam do século XVIII e são da autoria de José Joaquim Galrão, do seu aluno Dinis e do misterioso Johann Petrus Hausz, um luthier com um nome germânico e que trabalhou em Lisboa por volta de 1750. Nesta mostra estão expostos o violoncelo de Hausz, um violoncelo e um violino de Dinis e alguns instrumentos de Galrão (um construtor do qual se conhece pouco, não se sabendo sequer onde ou como aprendeu o seu ofício). No século XIX já existiam em Portugal muitos mais construtores, instalados um pouco por todo o País e, em particular, na cidade do Porto, onde trabalhavam vários - os mais importantes eram a família Sanhudo - construindo instrumentos com características relativamente aproximadas, naquilo que poderia ser uma espécie de 'escola' local. Nesse período também houve estrangeiros na lutherie nacional, como é o exemplo do francês Pierre Blaisot que aportuguesou o nome para Pedro Blaison e que tinha oficina em Lisboa. Ainda no final do séc. XIX, as Casas Duarte e Guimarães, duas lojas no Porto, vendem instrumentos feitos por construtores portugueses, mas utilizando etiquetas das próprias empresas, algumas vezes coladas por cima da marca dos verdadeiros autores. O século XX veio a ser marcado pela família Capela que, em Espinho, formou três gerações de construtores, tendo a segunda recebido formação em Cremona, a cidade italiana de Antonio Stradivarius. O fim do século XX e o princípio do século XXI são caracterizados por uma forte presença de estrangeiros a trabalhar em Portugal, como franceses, alemães, russos e brasileiros. Dos vários construtores que marcam a história da lutherie portuguesa, há exemplos de profissionais que receberam formação específica de construção de violinos, mas também muitos casos de artesãos capazes de fazer vários tipos de instrumentos diferentes e que parecem usar na construção de violinos técnicas mais apropriadas para a construção de instrumentos de cordas dedilhadas, como a guitarra. Finalmente, há ainda os autodidatas, que recorrem a métodos de construção populares, com toda a sua ingenuidade e amadorismo. Todas estas fases da lutherie portuguesa estão representadas na exposição, assim como algumas ferramentas, moldes e esboços utilizados nesta arte secular de fabricação de instrumentos de cordas. LEGENDAS DAS IMAGENS: IRMANDADE DE SANTA CECÍLIA Livro das Entradas da Veneravel Irmandade Da Gloriosa Virgem, E Martyr Santa Cecília dos Cantores Desta Corte, e Cidade de Lisboa… / Lisboa, Na Officina Patriarchal de Francisco Luiz Ameno. Anno M. DCC. LVI. (1756-04-15 - 1824-07-15), Reprodução digital Arquivo Histórico da Irmandade de Santa Cecília Os músicos eram obrigados a inscrever-se na Irmandade de Santa Cecília, corporação da sua classe profissional. Durante o século XVIII e início do século XIX, tivemos entre nós famílias de violinistas que formaram verdadeiras dinastias. É o caso dos Avondano, dos Boccardo, dos Valentim Felner, dos Mazza, entre outros, que, muito provavelmente, terão feito sugestões e lançado desafios aos violeiros do seu tempo. No manifesto ou rol das funções musicais dirigidas em 1771 pelo músico da Patriarcal Domingos Barzi podemos ver representadas as famílias de violinistas acima referidas. Neste documento, os Felner aparecem com o apelido Valentim. A família Avondano foi uma das mais numerosas entre as inscritas na corporação dos músicos de Lisboa. A título de exemplo, escolhemos mostrar os registos de entrada do violinista João Francisco Avondano e do violoncelista João Baptista André Avondano. Na segunda metade do séc. XVIII, foram dois dos cinco membros da família Avondano ativos em simultâneo na orquestra da Real Câmara (4 violinistas e 1 violoncelista). Tiveram descendência que ocupou o mesmo lugar. BANDEIRA DE S. JOSÉ Regimento e Compromisso da Bandeira do Bemaventurado S. Joseph dos Officios dos Carpinteiros e Pedreiros Desta Cidade de Lisboa – Copiado do Original Antigo – Anno de 1684 Reprodução digital Arquivo Histórico Municipal da Câmara de Lisboa, Ref.ª PT/AMLLSB/IFJC/06/01. (frontispício e p. 25) Os ofícios mecânicos em Lisboa agremiaram-se, praticamente, desde o início da nacionalidade. A partir de 1383, as doze profissões que ajudaram o mestre de Avis (futuro rei D. João I) na crise política de 1383-1385, receberam o privilégio de participar no governo da cidade com dois homens cada. Os doze ofícios, representados por doze bandeiras formaram a Casa dos 24. Agregadas às bandeiras erigiram irmandades, que funcionaram como associações de socorros dos seus membros. Cada profissão tinha um patrono (santo) para sua proteção. Os violeiros, profissão anexa aos carpinteiros, estavam reunidos sob a protecção de São José. Violino Pierre Blaisot (Pedro Blaison), Etiqueta: Feita[]o Blaisot Fabricante/De[]Rebecões Lyras e Violas/Francesas na Rua De Valle/Perreiro Nº 63/em Lisboa | Insc. no fundo:(carimbo)Blaisot//P J Gazul Lisboa, 1827 Espruce, acer, ébano Prov.: Col. Keil Museu Nacional da Música, Lisboa, Inv. MM 66 OFICINA DE PEDRO BLAISON A oficina de Pierre Blaisot (cujo nome foi aportuguesado para Pedro Blaison) terá começado a funcionar em Lisboa por volta de 1823, na Rua direita do Vale do Pereiro, n.º 63. Blaison apresenta-se como um mestre com privilégios em França. Dos dois aprendizes portugueses exigidos a estrangeiros, ainda só foi possível localizar um deles, Joaquim José de Seixas. O violino exposto possui características formais pouco habituais, como é disso exemplo o formato do corpo, as aberturas sonoras e a voluta. Viola de Arco/ Violeta José Joaquim da Fonseca Etiqueta: Jose Joaq.m da Fonceca/a fes no Porto/anno de 1843 Porto, 1843 Prov.: Aquisição do Instituto Português de Património Cultural (1980-1992) a particular Espruce, acer, ébano Museu Nacional da Música, Lisboa, Inv. MM 652 José Joaquim da Fonseca (?-1894) trabalhou na rua da Bainharia, no Porto. Na Industria Instrumental Portugueza, publicação de 1914 da autoria de Michel’Angelo Lambertini, pode ler-se: (…) Na sua dupla qualidade de violeiro e organeiro (…) é uma personalidade bastante interessante. Era o decano dos violeiros do seu tempo e o preferido pelos mais notáveis artistas do Porto. Concertava tambem instrumentos de palheta e harpas, tendo além d’isso uma especial predilecção pela arte organaria e construindo varios órgãos que lhe deram bom nome. O material de violaria e alguns instrumentos de seu fabrico foram adquiridos pelo notável guitarreiro contemporaneo Antonio Duarte. Violino Padre António Alvura Etiqueta: Pe. Antonio Alvura/fez em Milheiros/Anno de 1867 Maia, 1867 Espruce, acer, ébano Prov.: Conservatório Nacional Museu Nacional da Música, Lisboa, Inv. MM 90 António José da Cruz Neves e Silva (c. 1819 -1902), mais conhecido por padre Alvura, nasceu na Maia. Sacerdote e violeiro, foi também cantor em Roma. Terá construído cerca de 22 violinos. Violino Henrique Monteiro & Filho Etiqueta: HENRIQUE MONTEIRO & FILHO/ FEITA EM LISBOA -1891/ Lisboa, 1891 Espruce, acer, ébano Museu Nacional da Música, Lisboa, Inv. MM 73 Henrique Monteiro (1840 – 1910) foi um construtor e reparador de instrumentos de arco, pianos e harpas, que terá fundado a sua oficina em 1889, na Rua das Adelas, nº 42, em Lisboa. Tinha também uma loja na Travessa da Palmeira. Obteve uma medalha de prata na Exposição Industrial dos Jerónimos, onde concorreu com um violino, uma estante e um arco. A casa Wagner vendeu parte dos seus instrumentos após a sua morte. Desta oficina existem seis violinos e uma viola de arco na coleção do Museu Nacional da Música, tendo alguns exemplares sido adquiridos ou doados ao Conservatório Nacional, e outros adquiridos pelo Departamento de Música da Biblioteca Nacional nos anos em que a colecção aí esteve instalada. Rabeca Chuleira Antonio Duarte, Sucessor Etiqueta: Nº 21836/ Antonio Duarte, Suc. or/Construtor de 1ª qualidade e cordas/casa fundada em 1870/159, R Mouzinho da Silveira, 165/Porto, Portugal/Feito no ano de 193( )42 Porto, 1942 Espruce, acer, ébano Prov.: Doação do violinista Cunha e Silva Museu Nacional da Música, Lisboa, inv. MM 549 Violino Antonio Duarte, Sucessor Etiqueta: Antonio Duarte, Suc. or/ 15652/ Construtor de 1ª qualidade e cordas/casa fundada em 1870/159, R Mouzinho da Silveira, 165/Porto, Portugal/Feito no ano de 1933 Porto, 1933 Espruce, acer, ébano Col. Christian Bayon, Lisboa Violino Antonio Duarte, Sucessor Etiqueta: Antonio Duarte, Suc. or/Constructor de 1ª qualidade e cordas/casa fundada em 1871/159 Rua Mouzinho da Silveira 165/...9 (data ilegível)/ Porto Espruce, acer, ébano Museu Nacional da Música, Lisboa, Inv. MM 88 Bandolim Antonio Duarte, Sucessor Etiqueta: 1185/ Antonio Duarte/ casa fundada em 1870/construtor de guitarras, violões, bandolins e todos os instrumentos/de corda de 1ª qualidade/Proprietario Antonio Duarte, Sucor/Neste antigo estabelecimento encontram-se Harmonicos de diversos autores/159, Rua Mouzinho da Silveira, 167/42, R Ponte Nova, 54, Porto-Portugal. Porto, início do séc. XX Prov.: Aquisição do Instituto Português de Património Cultural (1980-1992) a particular Museu Nacional da Música, Lisboa, Inv. MM 699 CASA ANTÓNIO DUARTE SUC. or António Duarte foi o mais importante guitarreiro do seu tempo na cidade do Porto, tendo fundado em 1870 uma oficina na Rua da Bainharia. Mudou-se depois para a Rua Mouzinho da Silveira, onde abriu uma loja de grande dimensão (do nº 159 ao nº167) e, paralelamente, uma oficina na Rua da Ponte Nova, na qual chegaram a trabalhar 40 homens. Especialista em escalas, António Duarte construía guitarras (tendo criado o modelo da guitarra portuense), violas, violas braguesas, violões e bandolins. Esteve ativo até cerca de 1919. O filho, António Carvalho Duarte, construía também rabecas chuleiras e violinos. A Casa António Duarte, Suc.or. (sucessor) teve o seu tempo áureo nas primeiras décadas do séc. XX, exportando inclusive para o Brasil. Posteriormente, verificou-se um decréscimo progressivo nas encomendas. A oficina da Rua da Ponte Nova foi encerrada no final dos anos cinquenta e substituída por uma outra em frente à loja da Rua Mouzinho da Silveira. Em 1965 a loja sofreu uma redução de área, mantendo-se apenas nos números 165 e 167. Esta grande casa comercial resistiu até final dos anos 90, altura em que foi vendida pelos herdeiros à Casa Castanheira.
 
     
     
   
     
     
     
 
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